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Chitãozinho e Xororó comemoram 50 anos de carreira
Comemorando 50 anos de carreira, Chitãozinho e Xororó carregam na bagagem dezenas de hits, e são um clássico da música sertaneja brasileira. Não à toa, são os primeiros artistas deste gênero a estrelarem o podcast ‘Essenciais’ da Deezer, que traz nomes importantes da música brasileira para compartilharem suas histórias e revisitarem os processos criativos de seus discos.
A entrevista, feita pelo zoom, foi bem diferente de como tudo começou: “naquele tempo, em Astorga, a gente não tinha nem rádio para ouvir música, agora estamos aqui batendo esse papo gostoso”, começam já brincando, e relembrando sobre como José Lima Sobrinho e Durval de Lima se tornaram Chitãozinho e Xororó
“A gente achava que era um nome muito caipira, pois éramos duas crianças morando na periferia de São Paulo. A gente queria cantar uma música sertaneja com dicção melhor, português correto e não só para pessoas de idade. Para jovens e crianças também”, contam
O primeiro disco lançado pela dupla, em 1970, já foi responsável por revelar um sucesso: a versão que gravaram de “Galopeira”. “Quando a gente apareceu no rádio e televisão cantando daquela forma, com a voz do Xororó, foi ali que chamou atenção”, conta Chitãozinho
Eles relembram que em 1975, estavam muito endividados. Fizeram uma temporada no Paraná e voltaram sem dinheiro. A solução era vender o carro e não viajar mais, dar um tempo na carreira. Mas tudo deu certo no final: “Acabamos indo na gravadora, e a carreira deu sequência após gravar Tente Outra Vez, com Raul Seixas”, lembram
Em 1979, lançaram o álbum “60 dias apaixonado”, também conhecido como divisor de águas. O sucesso da dupla na época já era comparado ao de Milionário e José Rico, que eram os maiores destaques do momento. “Fio de cabelo” também surpreendeu todo mundo: em menos de um ano tivemos um milhão de cópias vendidas. Aí já não havia dúvidas de que a dupla tinha dado certo e veio para ficar. Foi através dessa música, inclusive, que passaram a tocar em todas as rádios FM do Brasil, não só as sertanejas
Fugindo um pouco do sertanejo raiz, veio o álbum “Amante”, em 1984, com uso de bateria eletrônica e inspiração no estilo de Julio Iglesias. “Depois de tanto sucesso, gravam disco assim?”, relembram a pergunta que tanto receberam. A crítica detonou, mas o público gostou e levaram então o disco para o palco, mesclando com o pop e mudando ainda mais a música sertaneja
Seguindo alguns anos na carreira, chegou o momento do hit que o Brasil todo sabe cantar: o lançamento de “Evidências”. “A gente se sente privilegiado, essa música veio de uma forma tão bonita. A gente estava preparando repertório, e nos mandaram essa faixa, e quando a gente ouviu, a gente pensou: essa é A música”
“Quando a gente botou a voz em Evidências, a gente sabia que tinha chance de fazer sucesso. Mas óbvio que superou todas as expectativas e ela não parou de fazer sucesso. Hoje ela é com certeza mais forte do que na época que a gente lançou”, revelam
Claro que a fórmula de todo esse sucesso não poderia ficar de fora. “No nosso caso, temos um relacionamento tão bacana com o público que a gente não fala ‘quero gravar essa música pois vai ser sucesso’. A gente grava porque gosta, achamos a música linda, adoramos cantar e gostamos de mostrar para o povo. É isso que mantém a gente vivo”, diz Chitãozinho
“Devido à nossa trajetória, a gente aprendeu que era proibido sonhar, a gente nem sabia se dava para sobreviver cantando música sertaneja. Fomos crescendo e aprendendo que era um passo de cada vez, conquistando nosso espaço e esse prazer de cantar nunca acabou. E sempre de olho no futuro”, complementa Xororó
Para finalizar, e de forma poética, como tanto gostam – e fazem bem -, Chitãozinho citou uma frase que admira de Paulinho da Viola: “O meu tempo é hoje e eu gosto que seja assim. Eu não vivo do passado, o passado que vive em mim”
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