Quem nunca deu um play num clipe ou música no YouTube ou Spotify e, minutos depois, se viu sendo levado por uma onda de faixas aleatórias. Talvez, não tão aleatórias assim. Os vídeos sugeridos ou o modo rádio das plataformas representam grande parte das visualizações de muitos sucessos e isso está cada vez mais perceptível. Então surge uma tendência mundial: “músicas para seduzir os algoritmos”.
Há poucos anos, os produtores musicais foram instruídos a fazerem músicas sem introduções e evitar estourar o tempo de três minutos de duração. Diretores e roteiristas de clipes do mundo inteiro sabem que ao fazer produções que durem mais de quatro minutos vão se distanciar dos vídeos em alta do YouTube. Portanto, essas novas regras já viraram “feijão com arroz”. Agora, o desafio na construção de novos sucessos é como conquistar os algoritmos. Ter sua música relevante para essas inteligências artificiais responsáveis por fazer alcançar o público de forma orgânica é um exercício diário.
Na construção da sua carreira internacional há dois anos, Anitta e sua equipe acompanham cada tendência do mercado. A enxurrada de parcerias, o lançamento de um álbum visual trilíngue e a aproximação com a comunidade latina são alguns pontos da corrida que a cantora enfrenta para se tornar um grande nome do pop internacional. Mais perto do que nunca, o dueto com a Madonna foi uma das suas maiores conquistas até aqui e, agora, ela quer se destacar no verão norte-americano e europeu. Para tal, ela conseguiu preparar três músicas que conversam entre si e foram lançadas praticamente juntas. A ideia pode ter confundido o público brasileiro, porém os algoritmos parecem estar sendo fisgados.
Ainda que exista a possibilidade de não ser uma estratégia pensada e desenhada (tipo as aulas do Professor Sergio em La Casa de Papel), a articulação montada por Anitta pode iniciar uma nova tendência global. “Make It Hot”, “Muito Calor” e “Fuego” vão sacudir as estratégias do mercado a partir de agora. Veja os principais tópicos:
– “Make It Hot” foi lançada no final de junho como single do Major Lazer. Âncora da campanha de verão de uma bebida alcoólica, a faixa foi lançada como uma promessa de nova “Sua Cara”, mas tem sido rejeitada por parecer um jingle de comercial. No YouTube, soma apenas 6 milhões e está longe dos grandes êxitos do grupo liderado pelo Diplo;
– “Muito Calor” teve clipe gravado no Brasil há algum tempo, mas foi segurado para sair no momento certo: duas semanas depois de “Make It Hot”. Ozuna é um dos grandes fenômenos da cena latina e o clipe já ultrapassou a marca de 30 milhões. O crescimento viral da faixa é parecido com o que aconteceu com “Downtown”, lançado pela Anitta com J Balvin, no final de 2017. Já podemos considerar o dueto latino da brasileira com maior potencial em 2019. Lembrando que ela teve faixas com Becky G, Natti Natasha, Prince Royce e Luis Fonsi nos últimos meses;
– “Fuego”, do DJ Snake, também saiu em data amarrada com os dois lançamentos anteriores: apenas duas semanas depois de “Muito Calor”. Ainda sem clipe, a faixa está no novo álbum do DJ, que é headliner deste sábado no Tomorrowland na Bélgica onde Anitta canta num palco secundário. O single tem a participação do Sean Paul e em dois dias o lyric video passou mais de 1 milhão de plays;
Hoje, Anitta é a única artista relevante que consegue cantar em português, em espanhol e em inglês. São os três idiomas mais escutados na internet em todo o mundo. Percebeu que cada uma das faixas está com título em um idioma diferente e tem significado similar? Isso faz com que cada faixa cumpra o papel de se aproximar do idioma nativo do usuário. Tudo fica ainda mais interessante quando olhamos o volume de inscritos nos canais do Major Lazer (12 milhões); Ozuna (25 milhões) e DJ Snake (15 milhões). A soma e influência dos três projetos no mercado global vai garantir a voz da brasileira ecoada em milhares de sets, shows, baladas e… playlists!
O que a gente pode então afirmar é: “Make It Hot”, “Muito Calor” e “Fuego” são filhas da mesma mãe e de pais diferentes. As três irmãs vão se ajudar mutualmente e serão sugeridas a cada vez que uma delas for adicionada em uma playlist ou tocadas no modo aleatório. Conquistam o público, mas mais do que isso: o complicado mundo dos algorítimos. Afinal, são eles que te dizem o que você quer ver, ler e, aqui, ouvir!
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